Do jornal Valor Econômico
Um amplo e minucioso estudo apresentado
pelo jornal Valor Econômico (São Paulo-SP) mostra que o Rio Grande do
Norte é o estado brasileiro com o melhor índice de reeleição de
prefeitos. A fragilidade na fiscalização do voto, a falta de melhor
instrução do povo e a dependência do cidadão do poder público
explicariam a dificuldade de mudanças.
Nas últimas quatro disputas municipais, a taxa de reeleição no recordista Estado potiguar foi em média de 71,7% .
O cientista político Antônio Spinelli
explica que o cenário do Rio Grande do Norte é emblemático. Há uma
extrema pobreza e dependência de recursos do governo. Mossoró, a
propósito, é apontda como destaque negativo nesta prática política.
“Nestas cidades prefeitos costumam
fornecer ambulâncias para o transporte de doentes para hospitais da
capital e que outros veículos são contratados a particulares, por fora,
sem licitação. O exemplo ilustraria a rede de empregos temporários que
são criados em torno da prefeitura e que geram fidelidade política ao
mandatário de plantão”, afirma o cientista político.
“Na época da eleição, os prefeitos
colocam a máquina para funcionar de modo avassalador. Há um uso massivo
e indiscriminado das finanças para se reeleger. A compra de votos é
generalizada”, diz Spinelli.
Mossoró e corrupção
“Com pouca fiscalização, a véspera da
eleição é tida como o dia mais importante de campanha, quando grupos de
trabalho saem pela noite e varam a madrugada distribuindo cestas
básicas, camisetas e outros agrados aos eleitores. Denúncias,
geralmente, são feitas pelos adversários políticos, mas os processos
não são concluídos e não há punição na maior parte dos casos”, narra.
“O grau de corrupção do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Norte é muito alto. A própria ex-corregedora
do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon, ficou estarrecida
quando veio aqui, pois até desembargador estava envolvido”, diz
Spinelli.
O professor destaca que o índice de
permanência no poder pelos mesmos grupos políticos é ainda maior se se
somar, à taxa de reeleição, a proporção de prefeitos que conseguem
fazer seus sucessores. Ele cita o caso de Mossoró, cidade natal da
governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM).
“Rosalba foi prefeita por três mandatos
(1989-1992; 1997-2000; e 2001-2004), depois elegeu uma sucessora, Fafá
Rosado (DEM), que já se reelegeu (2005-2008 e 2009-2012), e nesta
disputa fez uma segunda sucessora, Claudia Regina (DEM). A hegemonia
foi mantida mesmo com todos os esforços e da união de PSB e PT para
tirar do DEM a única prefeitura que a sigla mantém hoje entre as 118
maiores do país. Será, na prática, o sexto mandato dela, Rosalba, ou
delas, já que todas são mulheres”, ressalta Spinelli.”
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