O número de casos de dengue notificados no Rio Grande do Norte teve um
crescimento de 14% este ano,em relação a 2011. Em geral, prevaleceu os
casos do sorotipo 4. De 1º de janeiro a 6 de outubro, segundo dados do
Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde Pública, foram
notificados 31.548 casos da doença ante os 27,5 mil notificados no ano
passado. Em Natal, o crescimento foi ainda maior: 20,13%, com 12.206
casos notificados. De acordo com especialistas, o aumento se deve não
apenas a oscilação característica da doença, mas sobretudo as
deficiências na execução de medidas preventivas e rotineiras.
A irregularidade nas visitas dos agentes de endemia para combate de
focos e orientações às famílias são apontados como uma das principais
causas para o aumento na incidência dos casos. Para 2012, de acordo com
Kleber Luz, era esperada uma baixa no número de casos. "Esse é um
crescimento absurdo e totalmente fora da previsão, creditado a falta de
controle do vetor tanto por parte da sociedade, quanto pelo Estado",
disse o médico.
O infectologista Luiz Alberto Marinho
compartilha da opinião e afirma que "houve falha desde a campanha
educativa, com o relaxamento após o período de chuvas - quando ocorrem o
maior número de casos - até o não fechamento dos ciclos preventivos
(visitas)". Por ano, segundo preconiza o Ministério da Saúde, devem ser
realizados seis visitas - a cada dois meses - aos domicílios, para
identificação e eliminação dos focos. "Ano passado foram feitos apenas
quatro ciclos e, esse ano, a irregularidade é ainda maior", afirma.
Sem
as visitas para controle e prevenção dos focos verificados em 2011 e
2012, a proliferação se torna inevitável. O crescimento na incidência,
entretanto, "por esses motivos" já era esperado por Marinho.
De
acordo com o presidente do Sindicato, Cosmo Mariz, há três meses, cerca
de 120 agentes de endemia da Secretaria Municipal de saúde estão
desempenhando outras funções, devido a falta de material para trabalho -
farda, mochilas e equipamentos de segurança recomendados em Termo de
Ajustamento de Conduta, pelo MPE, como protetor solar. O número equivale
a 25% dos 512 agentes do Município.
a interrupção nas
atividades se deve ainda, segundo o sindicalista, aos casos de
afastamento por licença médica, devido o envenenamento provocado pelo
medicamento Novalorum, usado para eliminar o Aedes aegypti. E ainda pelo
não fornecimento de vale-transporte para os trabalhadores.
A
subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica Juliana Araújo frisa que o
controle deve ser feito de forma intersetorial, em cada município. E
lamenta o o lançamento, por parte dos municípios, no sistema do MS feito
de forma tardia. "Isso interfere nas ações. A curva nos primeiros meses
não era a real, o trabalho não foi feito em tempo hábil. É preciso não
só notificar, como também informar", diz.
Apesar do crescimento
nas notificações, os casos graves da doença sofreram redução. Foram 103
casos do tipo febre hemorrágica este ano, contra 274 em 2011. Entre os
casos com complicação, foram registradas 192 ante os 258 do ano passado.
A capital lidera os municípios com maior incidência, seguido por
Mossoró (2.195), Parnamirim (2.051), João Câmara (818) e Currais Novos
(816).
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