O dia 15 de outubro é considerado, no Brasil, como o Dia do
Professor. A profissão, apesar de ser uma das mais importantes para a
sociedade, ainda não recebe a valorização almejada pelos que a exercem.
Edilberto Rêgo é professor de História há 20 anos e elenca os principais
problemas da profissão.
"Como os salários são baixos, os professores são obrigados a cumprir
uma jornada dupla e muitas vezes tripla para poder complementar a renda.
Além do desgaste dos docentes, isso faz com que não tenhamos tempo
suficiente para preparar as aulas como é do nosso desejo, o que reflete
na qualidade da educação como um todo", comenta Edilberto Rêgo.
Para o
docente, o Dia do Professor é importante para mostrar à sociedade que
se a educação for valorizada ela só tem a ganhar. "A população sabe que a
profissão não é valorizada e compreende nossa situação. No entanto,
tudo muda quando os professores lutam por essa valorização. A sociedade
não fica do nosso lado, mas sim do governo que insiste em falsear as
informações. Então nós precisamos do apoio de todos pela valorização dos
docentes", afirma.
O professor ainda destaca a importância de se
investir na educação para a melhoria social. "O aumento da violência é
decorrência da falta de valorização da educação e de seus profissionais.
Não adianta investir em segurança, se não houver um investimento
anterior em educação. Todas as áreas são ligadas ao ensino, então a
profissão precisa ser valorizada", frisa o docente.
"O resultado da
desvalorização da profissão é que os jovens não querem mais exercer o
ofício. Isso reflete na baixa procura pelos cursos de licenciatura, que
formam os professores, principalmente os ligados às ciências naturais e
exatas como química, física e matemática. Além disso, muitos que iniciam
as graduações não terminam. Outros que conseguem concluir os cursos
acabam largando a profissão em busca de melhores salários e melhores
condições de trabalho", completa.
O coordenador geral do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte/RN),
Rômulo Arnaud, reconhece alguns avanços para a categoria e concorda com
o professor Edilberto Rêgo acerca dos problemas da profissão. "Nos
últimos anos, conseguimos avançar com relação ao piso salarial da
profissão. No entanto, os professores continuam sendo muito
desvalorizados", comenta o dirigente sindical.
Rômulo Arnaud também
destaca o excesso de carga horária e os baixos salários como os maiores
problemas da profissão. "Uma recente pesquisa mostra que os professores
recebem o equivalente a cerca de 40% dos salários de outros
profissionais com a mesma escolaridade. Então isso é uma discrepância
muito grande. A melhoria da sociedade como um todo passa pela educação",
explica o docente.
"A maioria dos professores tem mais de um vínculo
por causa dos baixos salários. Muitas vezes é necessário conciliar
prefeitura, Estado e colégio particular. Então essa sobrecarga reflete
na qualidade de vida. O estresse e outras doenças passam a fazer parte
da vida desses profissionais. O professor é a terceira profissão com
maior risco de contrair doenças", complementa o coordenador geral do
Sinte/RN.
Além disso, ele ainda destaca os problemas no ambiente de
trabalho como excesso de alunos nas salas, indisciplina dos estudantes e
o aumento da violência nas escolas, seja por agressões físicas ou
verbais. Para Rômulo Arnaud, as dificuldades da profissão também
refletem na diminuição da procura pelos cursos de licenciatura. "É o
maior número de desistência entre as profissões. No último concurso para
professor do estado, dos 1.014 convocados, mais de 200 não assumiram. É
um número muito alto", afirma o docente.
Licenciados têm desistido da profissãoDaniele
Almeida, graduada em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte (Uern), comprova as estatísticas reveladas pelo coordenador geral
do Sinte/RN, Rômulo Arnaud, do alto número de desistência da profissão.
"Ainda na faculdade eu fui para a sala de aula na disciplina de
estágio. Foi quando eu percebi que não me identificava com a profissão",
conta Daniele Almeida.
Para ela, entre os fatores que pesaram para o
não exercício da profissão foi a falta de valorização. "Eu estagiei em
uma escola estadual e pude comprovar que o Estado não oferece condições
para o ensino de língua estrangeira, que é minha área. Um exemplo é que
era disponibilizado somente um dicionários para 30 alunos. Então, não há
investimento em educação", afirma.
Daniele Almeida também destaca
outros problemas na profissão. "As escolas não oferecem estrutura
adequada, além do desinteresse por parte dos alunos. Esses foram alguns
fatores que me levaram ao afastamento", conclui.
de o mossoroense
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