Do Tribuna do Norte
A presidente da Associação dos
Magistrados do Rio Grande do Norte (AMARN), a juíza Hadja Rayanne,
reagiu às declarações do Governo do Estado, onde atribuiu ao Tribunal
de Justiça do RN (TJRN) e ao Ministério Público a responsabilidade de
atrasar os salários dos servidores do Executivo caso seja obrigado,
pelo Judiciário, a repassar integralmente as parcelas mensais previstas
no orçamento para as duas instituições.
Na edição de ontem da Tribuna do Norte,
o secretário de Comunicação Alexandre Mulatinho disse que o Governo
não tem como repassar os R$ 103 milhões solicitados pelo TJ e MP, como
atraso no duodécimo, caso contrário atrasará os salários dos servidores
e até o décimo terceiro.
A magistrada considerou as declarações do Governo “perigosas”. “Não corresponde a realidade.”
Para ela, o Executivo está “jogando com o desconhecimento da população”.
Segundo a presidente da Amarn, as
afirmações de representantes do Governo esclarecem pouco e tentam
“indevidamente atribuir ao Judiciário a situação em que (o Governo) se
encontra”. “Tenho decretos em mãos que falam expressamente em excesso
de arrecadação e reloca verba para propaganda, foram R$ 10 milhões.
Isso tudo é sinal contraditório”, observou a juíza Hadja Rayanne.
Falta de transparência
O presidente da Associação do Ministério
Público do Estado do Rio Grande do Norte, Eudo Leite, considerou
falácia as declarações do representante do Governo do Estado que tenta
responsabilizar o MP e o TJ em caso de atraso de salários, reflexo da
obrigatoriedade do pagamento integral das parcelas do duodécimo.
“Dizer que vai atrasar o salário dos
servidores porque vai pagar os 3% do orçamento previstos para o
Ministério Público é uma falácia”, observou. Ele chamou atenção que se o
Executivo mantiver os atrasos e repasses não integrais para o
Ministério Público os servidores da instituição sofrerão atrasos no
pagamento do seu décimo terceiro salário. “O Governo está querendo
cobrir os pés com o cobertor alheio”, ressaltou.
“Nas reuniões que tivemos com o Governo o secretário Obery Rodrigues mostrar números que apontam para uma crise financeira, as quando a gente pede cópia dos gráficos para que os técnicos do Ministério Público possam checar as informações ele (o secretário) não manda. Falta transparência do Governo”, afirmou.
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