Por Fernando Rodrigues (UOL)
O líder petista foi arquiteto da vitória
da sigla na cidade de São Paulo. O saldo das eleições municipais em
5.568 cidades mostra apenas dois partidos relevantes com um acréscimo
de prefeituras: o PT e o PSB.
Mas os petistas são os maiores
vencedores por terem reconquistado a cidade de São Paulo. E no universo
do Partido dos Trabalhadores é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva quem mais faturou. A vitória de Fernando Haddad contra o tucano
José Serra foi arquitetada única e exclusivamente por Lula.
Por causa do seu “dedaço”, o ex-presidente da República de 2003 a 2010 foi contestado por parte do establishment
petista. Não se importou. Escanteou um nome natural para essa disputa,
que era o da senadora (hoje ministra da Cultura) Marta Suplicy
(PT-SP).
Mesmo quando o projeto teimava em não
decolar, Lula não arredou pé. Pressionou a presidente Dilma Rousseff a
entrar na campanha de Haddad de maneira explícita quando o petista
estava ainda em terceiro lugar. Foi uma manobra arriscada.
Haddad registrava o pior desempenho nas
pesquisas entre todos os candidatos do partido nas últimas décadas na
capital paulista. Ao final, Lula provou que estava certo.
Acabou emprestando também a Dilma uma parte da vitória.
Ao atender aos apelos de seu antecessor,
a atual ocupante do Planalto contrariou o discurso de que estaria
muito distante do “PT de raiz”. Dilma se engajou. Gravou depoimentos,
subiu em palanques e até cantarolou jingles.
Por ocasião do 7 de Setembro, fez um
discurso à nação no qual atacou o governo do tucano Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002). Incendiou a militância petista nas redes sociais. A
presidente da República sai do processo mais petista do que entrou –
ela começou sua vida partidária no PDT do Rio Grande do Sul, seguidora
de Leonel Brizola (1922-2004).
Nunca houve risco real de o PT negar a
legenda a Dilma para que ela dispute a reeleição em 2014. Mas agora o
caminho se tornou muito mais suave.
É claro que o PT também sofreu derrotas.
Campinas, Salvador, Fortaleza e Diadema, para citar 4 municípios
relevantes. Mas mesmo esses reveses ficam minimizados diante da vitória
em São Paulo.
É possível encontrar em algumas análises
a interpretação de que Eduardo Campos é um dos grandes vencedores
desta eleição, ao lado do PT e de Lula. É uma interpretação correta.
Só que não são vitórias com a mesma
octanagem. Campos e o seu PSB ainda representam um grupo político muito
menos sólido do que Lula e o petismo. No mais, o PSB conseguiu bons
resultados no Sul e no Sudeste.
Ocorre que ainda está longe de ser uma
agremiação com militância estabelecida nessas regiões do país. Tudo
considerado, é claro que Eduardo Campos tem interesse em ser presidente
da República. Mas só será candidato em 2014 em condições muito
especiais que não existem neste momento –uma derrocada completa da
economia e uma queda brusca na popularidade de Dilma.
O cenário ainda mais provável para o PSB
e para Eduardo Campos é que acabem ficando no governo Dilma
“acumulando forças”, como se dizia antigamente.
Sua maior aposta pode ser em 2018.
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