As redes municipal e estadual de ensino de Mossoró apresentam
problemas em comum, tais como o número reduzido de professores e
dificuldade para encontrar educadores habilitados para matérias como
inglês e língua portuguesa.
Essa situação reflete diretamente nos alunos que começam a se sentir
desestimulados e deixam de estudar. O ensino de algumas disciplinas é
prejudicado devido à ausência de educadores, os alunos apresentam
problemas de aprendizado ao ingressar no ensino superior, entre outras
consequências.
Segundo a presidenta do Sindicato dos Servidores
Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum), Marilda Souza, o número de
professores no município é muito reduzido, desta forma, para suprir a
demanda existente deveria ser aberto um concurso para convocar no mínimo
300 educadores de imediato.
"Esse seria o número mínimo de
convocações, acreditamos que o número real seja bem maior que esse,
porém a Secretaria Municipal de Educação nunca nos forneceu esses dados.
Com a falta de professores, principalmente em matérias específicas, o
que tem sido registrado nas escolas é o aumento do número de aulas
excedentes, isto é, aquelas que deveriam ser ministradas na ausência do
docente, devido a problemas de saúde, licença-maternidade ou algo do
tipo. Porém, essa prática tornou-se rotineira no dia-a-dia para tentar
suprir a carência que existe, trabalhando dessa forma os profissionais
acabam sobrecarregados", explicou Marilda.
O déficit de professores
também pode ser registrado nas escolas estaduais. Em algumas delas,
durante o período letivo deste ano, os alunos não tiveram acesso a
disciplinas básicas como língua portuguesa e matemática. Esse é o caso
da Escola Estadual Antônio de Souza Machado, na qual os estudantes do
ensino fundamental maior, ou seja, do 6º ao 9º ano, chegaram ao segundo
semestre escolar sem terem assistido a nenhuma aula de Português,
Ciências, Inglês.
Segundo informações divulgadas pela assessoria de
imprensa da Secretaria Estadual de Educação (SEEC), o Sistema de Gestão
de Pessoal (Sagep) revelou um elevado percentual de docentes que
deveriam estar em sala de aula, mas estão em desvio de função.
Outro
motivo apontado para o reduzido número de professores em atuação é a
ausência do profissional específico para determinadas disciplinas,
principalmente na área das ciências exatas. Segundo o órgão, é grande o
déficit de aprovados no concurso em determinados municípios para essas
disciplinas, o que impede a nomeação de um número maior de concursados.
Além disso, seria muito alto o número de servidores que abrem processos
de aposentadoria, licenças ou exonerações. Somente no primeiro semestre
deste ano, mais de 600 profissionais da educação estadual deram entrada
no pedido de aposentadoria. Enquanto que, os profissionais que
solicitaram o afastamento para exercer atividade política ultrapassaram
os 200.
A gerente da Educação e do Desporto, Ieda Chaves, disse que
de fato existe vacância de professores na rede de ensino municipal,
porém mesmo com a deficiência não faltam docentes na sala de aula.
"Com
o aumento do número de alunos na educação infantil, percebeu-se a
necessidade de aumentar a quantidade de pedagogos. Há também uma
carência de educadores físicos. Para resolver esta situação, ainda este
ano será aberto concurso público para convocar cerca de 50
profissionais", pontuou Ieda.
Deficiência no ensino básico reflete negativamente no desempenho do aluno que ingressa na faculdade
A
professora Maria Felipe destacou que existem diversas formas de se
aprender, seja na internet, na rua, nos livros, porém o educador
continua sendo a principal ferramenta na construção do conhecimento.
"Existe
uma deficiência bastante grande em relação a professores para lecionar
no ensino fundamental maior, pois do 6º ao 9º ano os estudantes começam a
ter um professor para cada disciplina. Para lecionar em inglês, o
profissional precisa ser formado em Letras, com habilitação em inglês,
diferentemente do que acontece no ensino fundamental menor, onde o
pedagogo é polivalente. Soma-se a isso o fato de que em alguns
municípios os docentes sentem-se muito desestimulados, porque o salário
não corresponde ao piso nacional. É preciso abrir mais concursos para
suprir essa carência", explicou Maria.
O professor Samuel Freire
disse que a deficiência no ensino básico prejudica bastante o aluno
quando este ingressa no ensino superior.
"As dificuldades começam a
surgir, especialmente, nas disciplinas iniciais que são mais teóricas,
exigem mais leitura. Percebe-se que os alunos apresentam problemas para
interpretar os textos, bem como para escrever. Em relação aos cálculos,
alguns não sabem como fazer uma regra de três simples. Mas a culpa não
pode ser colocada apenas na falta de educadores, estes profissionais,
seja da escola pública ou privada, devem estimular a busca pelo
conhecimento".
O secretário adjunto da SEEC Joaquim Oliveira informou
que as regiões mais preocupantes em relação à falta de educadores é a
"Tromba do Elefante" e o Mato Grande, em decorrência da carência de mão
de obra.
Ele ainda destacou que a secretaria está estudando uma
maneira de complementar a carga horária com outros processos que não
seja a forma presencial do professor. "Ensino a distância, telecurso,
tem que criar algo. Não é concurso que vai resolver. É uma carência de
mercado", comunicou.
A vice-diretora da 12ª Diretoria Regional da
Secretaria de Estado da Educação (Dired), de Mossoró, Maria Helena,
comentou que para evitar que os alunos percam o conteúdo de algumas
matérias, foi criada uma parceria com a Universidade Federal Rural do
Semi-Árido (Ufersa) para serem ministrados aulões.
d o mossoroense
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