O Rio Grande do Norte, que até o ano passado figurava como o quarto
lugar em produção de mel de abelha no Brasil, terá a produção
diretamente afetada pela estiagem e pode cair no ranking. Os 1,5 milhão
de toneladas que eram produzidos devem sofrer uma redução de 90%. A
estimativa é de que a produção não ultrapasse as 130 mil toneladas, e
oscile entre as seis primeiras colocações.
Em 29 anos ligados à
apicultura, o produtor José Hélio Morais, integrante da Associação de
Apicultores de Serra do Mel (Apismel), ainda não assimilou a situação
que convive atualmente. Acostumado a colher uma média de oito toneladas
de mel por ano, o apicultor estima que, em 2012, a produção não chegará a
um só quilo do produto. "Nunca tinha passado por uma situação dessas. A
chuva na região de Serra do Mel não passou de 60 milímetros, quando bom
pra apicultura é pelo menos 200 milímetros. O resultado é que não vou
tirar nem sequer um quilo de mel neste ano", lamenta.
A falta de
chuva quebra o círculo que impulsiona o processo produtivo do mel. Sem
água, as floradas não acontecem, e falta alimento para as abelhas, que
abandonam as colmeias em busca de novas fontes ou até mesmo morrem. O
apicultor José Arimatéia, da Associação Cerrocoraense de Apicultores,
compartilha da mesma angústia que enfrenta o produtor do município de
Serra do Mel. Das 60 colmeias que possuía, restam apenas oito.
"Infelizmente
estamos enfrentando esta situação. Sem água, não tem abelha, e a
produção fica prejudicada. Estou com apenas oito colmeias povoadas, e
não sei até quando elas vão continuar", enfatiza. Para evitar que as
abelhas abandonem as últimas colmeias, o Sebrae no Rio Grande do Norte,
por meio do Setorial de Apicultura, está desenvolvendo uma capacitação
que trata da alimentação artificial dos insetos. O trabalho consiste em
alimentar as abelhas com uma mistura produzida à base de açúcar, água e
vitaminas.
"Este trabalho é mais uma ação, mais uma tentativa
para evitar prejuízos ainda maiores à apicultura potiguar. Vamos chegar a
todas as regiões produtoras, oferecendo uma ferramenta viável para que
as abelhas permaneçam nas colmeias até o próximo período chuvoso",
detalha o gestor de Apicultura do Sebrae-RN, Lecy Gadelha. A capacitação
já está sendo aplicada junto aos apicultores da Região do Mato Grande.
Nos próximos dias chegará às regiões Oeste e Alto Oeste do Estado.
da Tribuna do norte
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