Na
semana em que o Rio Grande do Norte foi acometido de mais um crime
hediondo, com grande repercussão social, como foi o caso da menina
Cíntia Lívia de Araújo, 12, que residia na rua padre João Venturele, em
Tibau, e foi encontrada morta, dentro de um poço localizado no muro de
uma casa da rua Ocivan Florêncio Pereira, na praia das Emanoelas,
despertou as autoridades policiais e estudiosos para tentar entender a
mente de pessoas como Poliano Cantareli Fernandes de Lacerda, 35, que
foi preso e confessou a autoria do crime.
Segundo o próprio Poliano, em depoimento à polícia, não existia
razões para o ato monstruoso que cometeu. O simples desejo sexual pela
criança e a vontade de se vingar da mãe e a irmã da menina, pelo fato de
um relacionamento amoroso com as duas, teria sido instigante na
realização do homicídio.
"Poliano é uma pessoa que não teve nenhuma
razão para cometer o crime com requinte de crueldade e frieza. Ele matou
a menina porque é uma pessoa com distúrbio na personalidade, colocando
para fora um desejo que mais dia menos dia iria acontecer", destacou o
bacharel Clayton Pinho, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil
de Mossoró.
Para o delegado, há diferença no tipo de crime cometido
por Poliano Cantareli do que um homicídio convencional. O desejo sexual
por criança em formação, como foi constatado nas investigações, através
de fotos, vídeos e materiais que foram encontrados na casa do acusado,
reflete uma personalidade doentia. "Em mais de 20 anos de polícia, não
entendo como comum ou normal uma pessoa que tem desejos sexuais por
meninas ou meninos em formação corporal. E o vasto material que
encontramos na casa dele comprova isso", explicou.
Crimes hediondos e
premeditadamente já foram registrados diversos deles em Mossoró
anteriormente, como é o caso da morte do empresário Idelgardo Ferreira, o
"Toinho da Casa do Construtor", executado a tiros no 23 de maio de
2010, no sítio de sua propriedade, localizado na comunidade de
Pitombeira, zona rural de Governador Dix-sept Rosado.
Na ocasião,
dois elementos em uma motocicleta chegaram ao local perguntando pelo
nome da vítima, quando "Toinho da Casa do Construtor" se identificou foi
assassinado a tiros de pistola.
Em novembro do ano passado, a juíza
Ana Cláudia Secundo da Luz condenou Flávia Ferreira Freire e Francisco
Ladenilton da Silva a 14 e 13 anos de reclusão em regime fechado pelo
assassinato. O casal foi considerado culpado pelo assassinato do
empresário "Toinho da Casa do Construtor", que era pai e sogro dos
autores intelectuais do crime.
O delegado Denys Carvalho da Ponte,
que investigou o caso, considera o casal tão perigoso quanto Poliano
Cantareli, só que em circunstâncias diferentes. "A premeditação do
crime, motivado por questões financeiras, tem a mesma frieza e crueldade
de um crime brutal como foi o da menina Cintia Lívia. O crime é
considerado hediondo do mesmo jeito", destacou o delegado.
Anteriormente
a polícia local já havia registrado o assassinato da dona de casa Maria
Marineide Lopes Cavalcante, morta em circunstâncias misteriosas em
março de 2000. O homicídio foi premeditado pelo esposo da vítima, o
comerciante Jean Carlos Solano Cavalcante, que matou a companheira,
forjou um acidente, no intuito de receber um seguro em nome da vítima,
que o beneficiaria.
Segundo o investigador Mário Zan, que desvendou o
crime, a premeditação da morte da mulher levou Jean Carlos a cometer
mais dois outros homicídios. "Ele estava eliminando todos os comparsas
que o ajudaram a forjar a morte da mulher. Se o crime não tivesse sido
desvendado, com certeza mataria os quatro elementos que faziam parte de
sua quadrilha", destacou o investigador.
"O instinto de matar pode
ser desenvolvido em qualquer pessoa, porém uns tem maiores facilidade
para aflorar e em muitos casos se tornam serial kiler (matador em
série), tá no gosto de matar dos psicopata", disse o psicólogo João
Valério.
de O mossoroense
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