Os sem-terra do acampamento Santa Júlia
interditaram, na manhã de ontem, a BR-304, próximo ao posto da Polícia
Rodoviária Federal (PRF) na saída para Fortaleza. Os manifestantes
cobravam do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
uma solução para os problemas enfrentados pela comunidade que está
acampada às margens da BR-304.
A interdição da BR-304 foi realizada
com galhos e pneus, o que impediu a passagem de veículos na rodovia. Os
sem-terra também atearam fogo em galhos secos para chamar a atenção da
sociedade e as autoridades competentes para a situação em que eles
vivem.
O protesto dos acampados causou uma série de transtornos aos
motoristas que trafegavam pelo local. Com a rodovia interditada, um
congestionamento formou-se na BR-304, tanto no sentido Mossoró-Tibau,
como no sentido oposto.
O tráfego de veículos só foi liberado pelos
manifestantes depois que patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal
estiveram no local e se entenderam com o líder da manifestação.
O acampamento Santa Júlia têm 154 famílias que há anos esperam para ser assentadas.
Incra informa que fazenda Santa Júlia não pode ser desapropriadaSegundo
Valmir Alves, superintendente do Incra no Rio Grande do Norte, entre as
reivindicações dos manifestantes estava a vistoria do imóvel, a fazenda
Santa Júlia, em que eles estão acampados.
"Foi realizada uma
vistoria, e o Incra levantou que o quantitativo de hectares do imóvel
está abaixo do necessário para desapropriação. Ele tem 982 hectares,
enquanto que para a desapropriação em Mossoró, o imóvel deve ter, no
mínimo, 1.050 hectares", explica o superintendente.
"Já explicamos
para eles sobre a impossibilidade de desapropriação daquele imóvel. O
que se pode fazer é buscar outras áreas para novas vistorias e possíveis
desapropriações. Outra alternativa é buscar vagas em outros
assentamentos", diz Valmir Alves.
Ainda de acordo com o
superintendente, os manifestantes também reivindicavam a distribuição de
cestas básicas. "Essa reivindicação depende da Conab (Companhia
Nacional de Abastecimento) e já soubemos que os alimentos já estavam
chegando no órgão e, no decorrer desta semana, os acampados devem estar
recebendo as cestas", afirma.
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