segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Vanzinho conta detalhes do roubo dos 94 milhões no RN

Não fosse uma rápida troca de tiros entre bandidos e vigilantes, o maior roubo da história do Rio Grande do Norte teria sido tão fácil como tirar pirulito da mão de uma criança. O assalto aconteceu em maio de 1982, na efervescência da pré-campanha eleitoral para prefeito, vereador, deputado estadual e federal, senador e, pela primeira vez desde o AI-5, para governador, encerrando um ciclo de biônicos indicados pelo regime militar.

O assalto ocorreu entre as cidades de Caraúbas e Olho D'Água dos Borges, na região Oeste. O dinheiro, 94 milhões de cruzeiros destinados ao pagamento dos trabalhadores da emergência, era levado num veículo tipo Brasília. Estava em dois malotes. O bando estava num Opala ocupado por Vanzinho, Branquinho, Sidney e Maurício Carneiro.

Alguns detalhes desse assalto foram revelados em livro escrito por José Viana Ramalho, Dudé, que passou 20 meses preso, acusado de participação no roubo.Neste final de semana, novos detalhes vieram a público, contados por um dos protagonistas do assalto: o agropecuarista na época -  e hoje cantor evangélico - José Vantuil Carneiro, o Vanzinho, condenado por este e outros crimes a 142 anos de prisão, mas que está livre, após cumprir a pena.

"A ideia era pegar 600 milhões de cruzeiros, direto do avião, mas houve um acidente de trânsito que impediu a ação no aeroporto [de Mossoró]", cofessa Vazinho, ao participar do "Cafezinho com César Santos", do Jornal de Fato, de Mossoró.

Ele confirma que o dinheiro foi roubado para financiar a campanha de Zimar Fernandes, candidato a prefeito de Caraúbas, e não para capitalizar o bando ou para compra de armas, como são comuns nesse tipo de crime. Vanzinho conta um fato pitoresco:

"Nós enterramos um saco do dinheiro no curral. Algum tempo depois cheguei na fazenda (Timbaúba, em Caraúbas) para pegar o restante do dinheiro. Eu era foragido da polícia, cheguei na propriedade, que estava fechada, e encontrei o saco de dinheiro dentro do curral. Estavam lá 54 milhões [de cruzeiros, a moeda da época]".

Na entrevista, Vanzinho inocenta Doutor Carneiro - considerado na época o "líder da quadrilha"- de qualquer participação no assalto. Na entrevista ele conta também como nasceram as divergências com outras famílias da região. As rixas terminara, numa sucessão de assassinatos, que tiveram como vítimas, entre tantas, os ex-prefeitos Zimar Fernandes e Agnelo Pereira e o advogado Antonino Carneiro Filho, o "Tonininho."

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