Não fosse uma rápida troca de tiros entre bandidos e vigilantes, o maior
roubo da história do Rio Grande do Norte teria sido tão fácil como
tirar pirulito da mão de uma criança. O assalto aconteceu em maio de
1982, na efervescência da pré-campanha eleitoral para prefeito,
vereador, deputado estadual e federal, senador e, pela primeira vez
desde o AI-5, para governador, encerrando um ciclo de biônicos indicados
pelo regime militar.
O assalto ocorreu entre as cidades de
Caraúbas e Olho D'Água dos Borges, na região Oeste. O dinheiro, 94
milhões de cruzeiros destinados ao pagamento dos trabalhadores da
emergência, era levado num veículo tipo Brasília. Estava em dois
malotes. O bando estava num Opala ocupado por Vanzinho, Branquinho,
Sidney e Maurício Carneiro.
Alguns detalhes desse assalto foram
revelados em livro escrito por José Viana Ramalho, Dudé, que passou 20
meses preso, acusado de participação no roubo.Neste final de semana,
novos detalhes vieram a público, contados por um dos protagonistas do
assalto: o agropecuarista na época - e hoje cantor evangélico - José
Vantuil Carneiro, o Vanzinho, condenado por este e outros crimes a 142
anos de prisão, mas que está livre, após cumprir a pena.
"A
ideia era pegar 600 milhões de cruzeiros, direto do avião, mas houve um
acidente de trânsito que impediu a ação no aeroporto [de Mossoró]",
cofessa Vazinho, ao participar do "Cafezinho com César Santos", do
Jornal de Fato, de Mossoró.
Ele confirma que o dinheiro foi
roubado para financiar a campanha de Zimar Fernandes, candidato a
prefeito de Caraúbas, e não para capitalizar o bando ou para compra de
armas, como são comuns nesse tipo de crime. Vanzinho conta um fato
pitoresco:
"Nós enterramos um saco do dinheiro no curral. Algum
tempo depois cheguei na fazenda (Timbaúba, em Caraúbas) para pegar o
restante do dinheiro. Eu era foragido da polícia, cheguei na
propriedade, que estava fechada, e encontrei o saco de dinheiro dentro
do curral. Estavam lá 54 milhões [de cruzeiros, a moeda da época]".
Na
entrevista, Vanzinho inocenta Doutor Carneiro - considerado na época o
"líder da quadrilha"- de qualquer participação no assalto. Na entrevista
ele conta também como nasceram as divergências com outras famílias da
região. As rixas terminara, numa sucessão de assassinatos, que tiveram
como vítimas, entre tantas, os ex-prefeitos Zimar Fernandes e Agnelo
Pereira e o advogado Antonino Carneiro Filho, o "Tonininho."
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