A guerra jurídica entre Governo do Estado e servidores, referente à
greve na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), deve
chegar a Brasília (DF). Ontem, a Procuradoria Geral do Estado (PGE)
anunciou que estuda recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao
Supremo Tribunal Federal (STF) da decisão do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Norte (TJ/RN), que considerou legal o movimento, negando
pedido de ilegalidade do Governo.
Embora garantindo que o Estado
cumprirá a decisão, o procurador-geral de justiça, Miguel Josino Neto,
informa que o governo aguarda a publicação do acórdão sobre a decisão do
TJ para analisar o teor e verificar qual recurso apresentará.
Josino
adiantou que a PGE/RN estuda pedir esclarecimentos ao próprio TJ,
através de recurso chamado Embargos de Declaração, a fim de que o
próprio Tribunal esclareça pontos considerados obscuros num primeiro
momento, segundo ele.
"A obscuridade consiste em dois pontos: a greve
foi considerada legal com a adesão de 100% ou o acórdão assegura o
cumprimento da Lei de Greve, que garante o mínimo de 30% da força de
trabalho?", questiona o procurador.
Miguel Josino aponta outro ponto
que a PGE/RN vai buscar esclarecimentos é quanto ao alcance da decisão.
"O TJRN ordenará que o Estado envie o projeto de lei à Assembleia
Legislativa descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal?", indaga.
Paralelamente,
o Governo não descarta levar o caso aos tribunais superiores, em
Brasília (STJ e STF). Josino afirma que o objetivo do Executivo, diante
da orientação da Governadoria, é garantir que os alunos não percam o ano
letivo.
Enquanto decide que tipo de recurso apresentar, o procurador
assegura o cumprimento da decisão do Tribunal de Justiça sobre a
legalidade da greve. "Decisão judicial se cumpre. No Estado Democrático
de Direito, no qual todos estão submetidos, as decisões emanadas do
Poder Judiciário devem ser cumpridas, cabendo a quem discordar recorrer a
tempo e modo", disse.
Anteontem, o TJ/RN não aceitou o recurso do
Governo do Estado contra a liminar que garante a legalidade da greve na
Uern, decidida no último dia 30, pela juíza convocada Sulamita Pacheco. O
Pleno do TJ ratificou a decisão da magistrada e manteve o caráter legal
do movimento dos servidores.
A decisão do Tribunal de Justiça de
manter a liminar de Sulamita Pacheco foi tomada por unanimidade, isto é,
todos os desembargadores concordaram com a decisão da magistrada, que
sustentou a decisão no "descumprimento pelo Estado do acordo assinado em
setembro de 2011, de reajustar o salário do servidor em 10,65% em abril
deste ano, o que não ocorreu".
Escreveu ainda a juíza convocada: "A
greve que hora se analisa não possui ilegalidade que se possa enxergar
neste momento processual, exatamente por ser uma reação às condições de
trabalho e o exercício do direito de autodefesa de categorias. Assegurar
agora o direito à greve traz como consequência a segurança de uma
educação mais digna.
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