da Agência Brasil
Brasília – A votação do projeto de lei que cria o novo Plano Nacional
de Educação (PNE), prevista para hoje (29), foi adiada para amanhã (30).
O início oficial da reunião atrasou cerca de uma hora por falta de
quórum e o relator da proposta, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), passou o
restante do tempo lendo parte do seu voto complementar, construído após
a apresentação de 157 emendas ao relatório final da matéria.
Nos bastidores, parlamentares e membros de entidades da sociedade civil
disseram que o objetivo do atraso era adiar a votação para que o
governo tenha, assim, tempo de unificar os votos dos deputados da base a
favor do relatório de Vanhoni.
O ponto mais polêmico ainda é a meta de investimento em educação. O
relatório prevê que, no prazo de dez anos, se amplie o financiamento na
área para 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – hoje investe-se 5,1% do
PIB em educação. Esse é o limite negociado com o governo. Entretanto,
parte dos parlamentares da comissão especial que analisa o PNE e
entidades da sociedade civil pressionam para que esse índice seja
revisto para 10%.
“A base está rachada, por isso eles estão protelando a votação”, disse
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, entidade que apresentou diversas emendas ao projeto e trabalha
com os parlamentares pela aprovação do patamar de 10% do PIB.
O presidente da comissão especial, Lelo Coimbra (PMDB-ES), avalia que a
votação só deverá concluída na segunda semana de junho. Amanhã,
continua a leitura do relatório e a votação, na prática, se inicia no
dia 12 de junho, já que, na próxima semana, há um feriado.
“A votação está em curso. Existe uma inquietação que é pró-ativa porque
encontra eco para que o tema [dos 10% do PIB] seja aprofundado, e o
governo também está se comportando dessa forma. Isso é bom”, disse Lelo.
Ao término da sessão, Vanhoni disse que ainda “há conversas” em curso
sobre a meta de financiamento e que “alguma coisa nova pode acontecer
nos próximos dias”, dando a entender que o governo pode aumentar o
limite que tinha estabelecido de um investimento máximo de 7,5%.
A deputada Dorinha Rezende (DEM-TO) classificou a reunião como uma
“enrolação” porque o governo não queria a aprovação do PNL hoje. “Ele
[governo] não teve tempo de organizar a própria base. Todo mundo viu que
era enrolação para não votar porque, na verdade, eles vão atrás dos
líderes dos partidos para tentar enquadrar os deputados”, disse .
Dorinha apontou que, quando o PNE anterior, que vigorou de 2001 a 2010,
foi votado pelo Congresso Nacional, os deputados do PT que hoje fazem
parte da base defendiam o patamar de 10% do PIB para a educação. “O
governo vai ter que mostrar qual é a coerência. No PNE de 2001, o PT
apresentou emenda para 10% e quem apresentou a defesa foi o próprio
Mercadante [Aloizio Mercadante, atual ministro da Educação]”, disse.
O PNE anterior tinha como meta o investimento de 7% do PIB em
educação, mas o item foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário