sábado, 19 de maio de 2012

Estudo aponta RN líder em evasão

O Rio Grande do Norte é o Estado com o maior índice de abandono escolar do país. Ano passado, 19,3% dos alunos matriculados no ensino médio, público e privado,  abandonaram a sala de aula antes de concluírem os estudos. Greves, falta de professores e conteúdo programático desinteressante para a classe estudantil são alguns dos fatores apontados por gestores e especialistas da área que podem explicar a posição no ranking. Além do abandono escolar, o RN é destaque no índice de reprovação. Nesse quesito, no mesmo período, o percentual foi de apenas 8% - o quinto menor do Brasil.

Os dados fazem parte do Censo Escolar 2011 que foi divulgado, essa semana, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O estudo é utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) para formulação de políticas e programas. De acordo com a titular da secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seec), Betânia Ramalho, o resultado servirá como norteador de futuras ações. "Uma das nossas tarefas é ter controle e conhecimento da situação real do nosso ensino. O Censo revela muitos detalhes que vão nos auxiliar na administração. Temos que correr atrás do prejuízo", colocou.

Em 2010, a taxa de abandono escolar no RN, do ensino médio, foi de 17,3%. Para a secretária, o aumento desse percentual, no ano passado, pode ser explicado por dois fatores: greve e currículo escolar. "Tivemos várias greves, uma em cima da outra, que trouxeram um prejuízo imensurável para a sociedade. O aluno simplesmente abandonou a escola porque não havia o que fazer nela. Além disso, é preciso analisar o currículo das escolas. Muitos alunos não se sentem atraídos pelo o que é oferecido e preferem seguir outros rumos".

A coordenadora pedagógica e diretora do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, afirmou que é preciso cautela ao analisar os números. "Ainda não estudei os números do Censo. É preciso um estudo mais aprofundado para saber quais os motivos para essa evasão tão grande", disse. A professora disse ainda que a estrutura do ensino médio ofertada pelo Estado pode explicar, em partes, a evasão escolar. "Como se interessar por uma escola sem o quadro completo dos professores? O aluno fica em dúvidas se vale a pena estar dentro de sala".

Com relação ao índice de reprovação, o RN é o quinto Estado com a melhor pontuação, 8%. O ranking é liderado pelo Amazonas (6%), seguido do Ceará (6,7%), Santa Catarina (7,5%) e Paraíba (7,7%). Para Cláudia, é preciso cruzar os dados para deslumbrar a realidade do quadro. "Muitos alunos abandonam a escola antes de serem reprovados. Estão num ano complicado, com notas baixas, sem aulas, então desistem de prosseguir antes mesmo da reprovação". Segundo o Inep, a média de reprovação do país subiu nos últimos anos e hoje a taxa é de 13,1%.

Para alguns, a baixa reprovação pode ser sinal de que há uma avaliação mal feita pelos professores. Imagina-se que o docente aprova o aluno mesmo que não haja aprendizado de fato.  Betânia Ramalho discorda da ideia. "Estou sempre do lado dos professores. Eles são responsáveis e criteriosos. Acontece que os alunos que não desistem, que permanecem em sala de aula, têm um objetivo de vida e lutam para isso". No entanto, a secretária reconhece que as avaliações nem sempre podem ser reconhecidas como parâmetro confiáveis. "O ensino não chega a níveis de excelência. Temos as avaliações para um diagnóstico. Não se pode supervalorizar os números".

Na outra ponta do estudo, os Estados com os maiores percentuais de reprovação são: Rio Grande do Sul (20,7%), Rio de Janeiro (18,5%) e Distrito Federal (18,5%), Espírito Santo (18,4%) e Mato Grosso (18,2%). O Censo Escolar traz ainda a taxa de aprovação. Santa Catarina, com 84,5%, Amazonas com 83,6% e Ceará com 81,8% são os Estados mais bem posicionados. O Rio Grande do Norte, nesse quesito, tem taxa de 72,7%.

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