O senador José Agripino, presidente nacional do DEM, vê mais uma vez a
"Operação Sinal Fechado" rondar a imagem de defensor da ética na
política.
Em depoimento realizado em São José do Rio Preto (SP), o empresário
Alcides Fernandes Barbosa, fazendo uso da delação premiada, revelou que o
senador potiguar cobrou dele R$ 1 milhão em propina.
As informações estão no site da Revista Carta Capital. O depoimento de
Alcides, dado a um grupo de seis promotores potiguares, durou 11 horas.
Preso desde novembro do ano passado por conta da "Operação Sinal
Fechado", que apura um esquema de corrupção que se propunha a desviar R$
1 bilhão do Detran/RN, Alcides revelou que o pagamento de propina a
José Agripino foi acertado no sótão do apartamento dele em Natal após a
realização de um coquetel em 2010.
O empresário disse ter chegada a Agripino através do suplente de senador (do próprio Agripino) João Faustino.
A negociação financeira tinha a finalidade de reforçar o caixa de
campanha de Agripino para as eleições de 2010. Quem estava à frente da
conversa era o advogado George Olímpio, considerado o chefe do esquema. A
acerto previa o pagamento em quatro cheques de R$ 250 mil.
Embora preferisse receber o dinheiro em espécie, Agripino indicou o
ex-senador José Bezerra Júnior, o "Ximbica", para ser o portador dos
cheques.
Lembrando
No final de março foi revelado que o senador José Agripino e o
ex-deputado Carlos Augusto Rosado também foram acusados de receber R$ 1
milhão. O local onde foi realizada a negociação também teria sido o
sótão do apartamento do senador. A diferença é que a conversa foi com o
empresário José Gilmar de Carvalho Lopes, o "Gilmar da Montana", um dos
envolvidos na "Operação Sinal Fechado".
Senador trata denúncia com ironia e pode ser investigado pela PGR
A reportagem da Carta Capital indicou que José Agripino pode ser
investigado pela Procuradoria-Geral da República. A documentação
resultante do depoimento de Alcides Barbosa já está em mãos do
procurador Roberto Gurgel.
Caberá ao maior autoridade do Ministério Público decidir se o
presidente nacional responderá ou não a um processo por corrupção.
Ao ser procurado pela Carta Capital, Agripino tratou com ironia o
depoimento de Alcides Barbosa. "Sótão é aquela coisinha que a gente sobe
por uma escadinha. No meu apartamento eu tenho é uma cobertura",
esnobou.
O parlamentar afirma ser vítima de uma armação de adversários
políticos. Um dos argumentos é de que "Gilmar da Montana" negou ter
participado de coquetel.
Outro trunfo da defesa de Agripino são declarações do advogado de
Gilmar, José Luís Carlos de Lima, que afirmou que o cliente prestou esse
depoimento sob forte estress e sustentado por tranquilizantes.
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