quarta-feira, 18 de abril de 2012

Médicos sinalizam greve no RN; categoria pede piso salarial de R$ 19 mil

Os médicos que atuam na rede estadual de Saúde do Rio Grande do Norte poderão entrar em greve após o dia 25 de abril - mesma data em que já está prevista uma paralisação que acompanha o movimento nacional de advertência realizado pelos profissionais que atendem nos planos de saúde. O indicativo será votado numa assembleia realizada também no dia 25, a partir das 19h, na sede do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed).

A informação é do próprio Sinmed, que representa a categoria e que solicita ao Governo do Estado um piso salarial de R$ 19 mil. Atualmente o salário de um médico que cumpre 40 horas de trabalho no Estado varia entre R$ 4,8 mil e R$ 9,8 mil. Além do piso, os médicos também querem a criação de uma gratificação para os plantonistas no valor de R$ 3 mil, e melhores condições de trabalho e atendimento digno aos pacientes.

Várias audiências já foram realizadas entre o Sinmed e a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), na intenção de viabilizara pauta de reivindicações e o atendimento humanizado aos pacientes evitando riscos desnecessários para o doente e para o profissional médico. Por enquanto ainda não há uma resposta definitiva à categoria. O prazo para que a Sesap atenda às reivindicações se estende justamente até o dia 25, quando está prevista a votação do indicativo de greve.

De acordo com o titular da Sesap, Domício Arruda, o próprio sindicato reconhece que não há como ser pago um piso de R$ 19 mil imediatamente, mas espera do governo sinalizar se pode ou não pagar esse valor nos próximos anos. "Ninguém paga esse piso. Alguns médicos aqui no Estado já tem adicionais e gratificações suficientes que totalizam uma remuneração próxima a R$ 19 mil. Além disso, no final do ano passado o governo incorporou todas as gratificações ao salário. Agora na pauta do Sinmed consta uma nova gratificação de plantão, de R$ 3 mil", descreveu o secretário.

Domício Arruda disse que a Sesap está fazendo estudos de impacto orçamentário e vai encaminhar à equipe econômica do governo. "Estamos numa situação em que o Estado está impossibilitado de dar aumentos que impliquem na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Espero até a próxima semana ter um posicionamento oficial sobre o aumento possível e apresentá-lo ao sindicato. Não é uma questão que depende apenas da Sesap".

Só que a greve não tem apenas pretensões salariais. Melhorias no ambiente de trabalho e a regularização e abastecimento das unidades também é algo solicitado pelo Sinmed. "A situação da saúde pública no Estado nos preocupa muito. O médico está na linha de frente e, em caso de insucessos no atendimento aos pacientes, é o profissional vai responder junto com a unidade de saúde. O médico não pode nem deve trabalhar em condições que coloque em risco a vida dos pacientes", declarou Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed.

Anestesistas denunciam problemas nas unidades

Nesta segunda-feira, 16, o Sindicato dos Médicos recebeu a denúncia da falta de anestésicos básicos para a realização de cirurgias no Hospital Walfredo Gurgel. A denúncia foi feita por anestesistas que atendem no Pronto-Socorro Clóvis Sarinho. "Ocorreu no plantão diurno. Um paciente teve uma parada cardíaca, foi ressuscitado pela equipe médica, mas no momento em que foi preciso tomar drogas específicas e cardiológicas para estabilizar o ritmo cardíaco, os médicos constataram que os insumos estavam em falta na farmácia do hospital. A explicação dada pela farmácia é que os medicamentos não estão disponíveis na Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat)".

Segundo os plantonistas, os profissionais também não contam com anestésico geral e local na farmácia do Centro Cirúrgico, o que os obriga a "improvisar" para realizar as cirurgias. Faltam ainda anti-hipertensivos e antiarrítmicos, medicamentos necessários para a realização de procedimentos cirúrgicos em pacientes portadores de problemas no coração e hipertensão. "Alguns destes medicamentos estão em falta há seis meses", relata uma plantonista que preferiu não se identificar.

A denúncia dos anestesistas do HWG se estende a outras unidades da rede estadual de saúde, a exemplo dos hospitais Santa Catarina, em Natal, e do Tarcísio Maia, em Mossoró, além de outras unidades regionais. "Várias coisas comprometem e colocam em risco a vida dos pacientes nessas unidades. Coisas que vão desde as escalas incompletas de médicos, até acomodações inadequadas, sem falar na indisponibilidade de equipamentos", destacou Geraldo Ferreira. Sobre as escalas incompletas, ele disse que o problema acontece porque os pacientes procuram os hospitais e não há profissionais disponíveis para seu atendimento.

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