terça-feira, 11 de outubro de 2011

Reportagem Gazeta do Oeste sobre o Poco Feio


Poço Feio: um patrimônio natural ameaçado

Apesar da luta particular de um morador do sítio, a gruta não recebe assistência de entidades governamentais

Um lugar cercado por belezas naturais composto por cavernas que escondem lendas e mistérios. A Gruta do Poço Feio, localizada no Sítio Bonito, zona rural do município de Governador Dix-sept Rosado, é um dos patrimônios espeleológicos do Rio Grande do Norte, que hoje está ameaçado pela destruição promovida pela ação humana. O lugar expõe um cenário que mistura beleza e poluição.

A Gruta do Poço Feio conta apenas com a luta particular de um morador do Sítio Bonito, José Dimas, 49 anos, que de forma artesanal e sem muita estrutura, tenta manter o local preservado e limpo, mas o seu trabalho se mostra ineficiente diante da poluição promovida pelos visitantes. Para tentar impedir que o lixo seja jogado nas águas da gruta, Dimas espalhou sacos para coleta por toda a área de visitação, mas nem assim consegue sensibilizar as pessoas.

Dimas explica que, recentemente implantou uma cobrança de taxa simbólica para o acesso de carro e motos a área das cavernas onde fica a Gruta do Poço Feio. A ideia, segundo ele, tem como objetivo impedir a entrada indiscriminada de veículos. “Mesmo existindo os sacos de lixo eu preciso fazer a limpeza toda segunda-feira, porque as pessoas ainda deixam sujeira pelo chão e na água”, ressaltou.
 

FLUXO

O local recebe muitos visitantes. Dimas explica que nos fins de semana e feriados, o local chega a receber mil pessoas a cada dia. Essa falta de controle do número de visitantes é um dos pontos que dificulta o trabalho feito pelo morador que vem tentando manter o local preservado.

Nas águas transparentes e cristalinas que correm na Gruta do Poço Feio, é possível encontrar garrafas pet, embalagens de alimentos, papel higiênico, sacos plásticos, entre outros utensílios que são largados no local pelos visitantes. ÀS margens da gruta podem ser encontrados vestígios de pequenas fogueiras acesas para cozimento de alimentos levados pelos freqüentadores. Uma ação que representam também uma ameaça à vegetação do local.

Segundo Dimas, não existe qualquer restrição para entrar com bebidas e alimentos na Gruta do Poço Feio, o que contribui para a poluição. A vegetação existente na área da gruta expõe outro cenário que precisa de cuidados. Árvores seculares que contribuem para completar as belezas do sítio espeleológico.

Outro ponto de destruição bem visível são as pichações nas rochas que formam a gruta, algumas bem recentes, numa clara demonstração de falta de consciência à preservação do meio ambiente e da falta de controle ambiental. Nem mesmo a existência de uma placa com a seguinte frase: “As cavernas são bens da União protegidas por lei. É crime destruir este patrimônio”.

 
GRUTA DO POÇO FEIO GUARDA LENDA DO ‘BAÚ DA MOÇA’
 
Além de possuir belezas naturais de encher os olhos, a Gruta do Poço Feio também guarda lendas que persistem até hoje, como por exemplo, a lenda do “Baú da Moça”. Segundo a estória contada pelos moradores mais antigos do município, uma moça linda morava entre as rochas da gruta, num local que tem o formato de baú.

Neste ponto da gruta, essa moça linda sempre aparecia para encantar os homens e depois desaparecia entre as rochas, por isso o local recebeu o nome de Baú da Moça. José Dimas ressalta que só quem acredita nesta lenda são os moradores mais antigos, para ele, tudo isso é apenas imaginação. “O povo mais antigo daqui conta que isso aconteceu há uns 200 anos, mas eu não acredito nisso”, frisou.




A lenda da moça que vivia nas rochas da Gruta do Poço Feio virou tema de uma famosa peça teatral escrita pelo ator, escritor e diretor Nonato Santos, da Companhia Escarcéu de Teatro, de Mossoró, denominada “A Lenda do Poço Feio”. A peça enfoca toda a fantasia e misticismo que envolve o passado de um lugar que reserva muita beleza, apesar do contrate do nome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário