sábado, 29 de outubro de 2011

Policiamento suspenso em cidades do RN

O fim de semana será de alerta para o comando da Polícia Militar. Ontem, em pelo menos 12 municípios do Rio Grande do Norte, houve paralisação do policiamento em viaturas em decorrência da adesão de alguns policiais ao movimento "Segurança com segurança" promovido pela Associação de Cabos e Soldados do RN (ACS/RN). A orientação da associação é de que os PMs não guiem qualquer viatura sem as devidas condições de segurança.
O comandante da instituição, coronel Francisco Araújo, garante que a questão foi solucionada, mas admitiu a existência de "plano B" para que não haja comprometimento do serviço prestado à sociedade durante o fim de semana. Em Natal e região metropolitana, Cavalaria e batalhões especiais, como BPChoque, Bope e Ronda Escolar, poderão tomar as ruas, caso haja uma negativa dos PMs de outros batalhões.
Ontem, por aproximadamente três horas, o patrulhamento móvel foi interrompido na zona Sul de Natal e nas áreas em que os policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motos (ROCAM) atuam em complementaridade aos batalhões de área.
Apesar de relatos de parada em alguns municípios do interior, o comandante do Policiamento do Interior (CPI), coronel PM Francisco Reinaldo, afirmou não ter havido e/ou sido comunicado sobre o fato.
Foram registradas paralisações, segundo a ASC/RN, nos 1º, 3º, 5º e 9º batalhões da capital, além da Rocam. Na Grande Natal, os municípios atingidos foram Parnamirim, Extremoz, Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante. No interior, as cidades foram Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros, Assú, Santa Cruz e Nova Cruz.
Alguns policiais que atuam diretamente nas viaturas - entrevistados pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE - reclamam da falta de condições dos carros. Problemas em pneus, rolamentos, amortecedores são relacionados como fatores de risco no exercício diário do ofício. Também argumentam que não podem dirigir os veículos, pois, segundo o Código Nacional de Trânsito, os condutores precisam ter um curso específico para guiar veículos usados para atender a situações de urgência de emergência. O comandante da PM rebate essa última informação dizendo que as viaturas não se enquadram na categoria de veículos de urgência, como prevê o Contran.

PARALISAÇÃO
No final da manhã de ontem, por exemplo, policiais da Companhia de Policiamento Turístico (CIPTUR) estavam reunidos em frente ao posto da unidade na rua Presidente Café Filho, praia do Meio, discutindo sobre a impossibilidade de permanecer fazendo patrulhamento naqueles veículos. "Desde cedo não tem patrulhamento na orla", informou um deles, que preferiu não se identificar. No acostamento, três viaturas estavam paradas: M-T 11, M-T 13 e M-T 14. Essa última tinha um fio elétrico como fechadura da mala.

MOVIMENTO
Os policiais militares iniciaram na tarde da quinta-feira (27) o movimento "Segurança com segurança", a partir do qual os profissionais da polícia ostensiva reivindicam condições necessárias para o trabalho nas ruas em segurança, como coletes balísticos e armas para todos, além da manutenção das viaturas. O presidente da ACS, Cabo Jeoás, afirma que 80% das cidades do interior do Estado não possuem condições mínimas para trabalho e segurança dos policiais.

SALÁRIOS
Além de pedir melhores condições de trabalho, a ACS negocia aumento salarial com o Governo do Estado. A proposta das entidades representativas dos policiais e bombeiros militares é de um salário de R$ 3.447 para o soldado, o que equivale a 20% do salário do coronel - com valor de R$ 17 mil. Esse aumento seria dado de forma parcelada de 2012 até 2014. A proposta apresentada pelo Governo é uma remuneração de R$ 2.700 com parcelamento estendido até 2015.
Está marcada para a próxima terça-feira (01) uma reunião com o chefe da Casa Civil, Anselmo Carvalho, a secretária interina de Administração, Suely Pimentel, e Obery Rodrigues, da pasta de Planejamento, para que ocorra uma nova rodada de negociação.
Policiais de Mossoró aderem a movimento
A Associação de Policiais e Praças de Mossoró e Região Oeste (APRAM) esteve reunida ontem com membros da categoria e decidiu aderir também ao movimento que foi deflagrado na capital, quinta-feira passada. As primeiras baixas seriam sentidas na noite de ontem, segundo o presidente da associação, soldado Clayton Jadson. Ele enfatiza que a intenção do movimento é melhorar as condições da instituição.
De acordo com Jadson, a reunião foi um momento para que a tropa fosse orientada sobre seus direitos e deveres. Ele explica que, muitas vezes, os policiais trabalham de maneira improvisada, visando não deixar de prestar determinado serviço à população. Nesses casos, a legislação acaba sendo desrespeitada "pelo bem maior".
"Eles receberam cartilhas com o embasamento jurídico. Para assumir o serviço, irão cobrar tudo que lhes é garantido", adiantou Jadson, logo após a reunião feita na cidade.
Os policiais vão cobrar, por exemplo, que as viaturas estejam em pleno funcionamento e que possuam todos os equipamentos de segurança que são exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, por exemplo.
A norma diz que o carro não pode circular sem um extintor de incêndio, por exemplo, o que muitas vezes acaba sendo desrespeitado. "Ele só vai pra rua se tiver tudo dentro da legalidade", explica Jadson.
"É uma medida que visamos garantir a segurança dos nossos policiais e também da sociedade. O movimento não é uma retaliação do Governo do RN e não tem fins salariais", enfatiza o presidente da Apram, acrescentando que o objetivo maior "é valorizar a segurança pública por completo".

Jornal de Fato

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