sábado, 27 de agosto de 2011

Secretário vê motivação política para a manutenção de greve na UERN

A greve de docentes e técnicos administrativos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), que tem duração superior a 90 dias, tem componente político-partidário. Esse é o raciocínio do secretário estadual de Administração, José Anselmo de Carvalho. Segundo ele, a rejeição continuada das propostas enviadas pelo Governo do Estado à Associação dos Docentes da UERN (Aduern) e ao Sindicato dos Técnicos Administrativos da UERN (SINTAUERN) levam a essa compreensão. "O que surpreende é a questão da rejeição das propostas que o governo faz e, por isso, não descarto que (a greve) tenha influências partidárias", comentou Anselmo. Diante desse quadro, disse que não resta outra alternativa, que não seja o Estado entrar com uma ação na Justiça pela ilegalidade do movimento paredista. A ação, inclusive, será enviada ao Tribunal de Justiça no começo da próxima semana pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
As suspeitas de ingerência partidária se devem ao fato da maioria dos militantes sindicais estarem ligados a partidos políticos que tendem a apresentar candidatos nas próximas eleições municipais. Como a UERN é sediada em Mossoró, o objetivo seria beneficiar nomes ligados ao PT e ao PSB. A análise exposta pelo secretário de Administração não incluiu esses partidos, mas, pelas posições tomadas por líderes políticos que têm interesse na Universidade, as especulações indicam que essa seria uma das metas do movimento paredista.
Para o secretário Anselmo Carvalho, a decisão dos sindicatos desobriga o Governo do Estado a evitar medidas consideradas drásticas. Disse que, mesmo com a posição da Aduern e do Sintauern, o Governo não fecha a porta ao diálogo, mas afirmou que é importante que o movimento paredista seja finalizado e que as atividades acadêmicas voltem à normalidade. "Não há mais o que conversar sobre propostas, já que os sindicatos rejeitaram. Mesmo assim, estamos abertos ao diálogo", disse, acrescentando: "o Governo entende que melhor seria o fim da greve e o retorno às atividades acadêmicas, aliada à continuidade do diálogo, mas os sindicatos entendem que não devem encerrar a greve para dialogar."
Anselmo Carvalho afirma que o que os sindicatos pretendiam alcançar não é possível para o Governo atender. "Quando existe rejeição reiterada, fica sempre especulando o que estaria por trás da greve da UERN. Será incapacidade de entender as coisas?", questiona, acrescentando que as versões apresentadas como verdadeiras, de que a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) quer fechar a UERN, são improcedentes. "Isso é uma inverdade. Quem fecha a UERN é a greve. Quem defende a Universidade é quem trabalha nela", disse.
Com essas palavras, o secretário estadual de Administração reafirmou que oficialmente o Governo do Estado entrará na Justiça para que as atividades voltem ao normal na Academia. "Faremos isso lamentando que tenha chegado a esse nível, de pessoas que têm capacidade de análise dos fatos, por serem intelectuais, não compreenderem o que está sendo posto", comentou.
O reitor Milton Marques de Medeiros se esquivou de responder sobre a ingerência partidária no movimento grevista; "Pode ter, mas está fora do meu alcance, como fosse enfrentamento de corrente partidária. Se existe, não estou lendo (o momento)", disse, acrescentando: "não, acho que não existe isso. O que tem são pessoas que possuem suas posições políticas, e isso é normal, mas o que mais está existindo são interesses da Universidade, dos movimentos sindicais."
O reitor entende que o movimento paredista está chegando ao final e que a tendência é existir um entendimento entre grevistas e Governo do Estado. Sobre a ação judicial que está pronta na Procuradoria-Geral do Estado, Milton Marques disse: "ficou nesse impasse, e no regime democrático existe o recurso no jurídico." Contudo, disse que o caminho mais viável ao fim do movimento paredista é o entendimento.
Milton Marques reconhece que houve avanços nas conversas e que o Governo do Estado atendeu as reivindicações propostas pelos sindicatos, que rejeitaram posteriormente os pontos que eles mesmos apresentaram. "O reajuste proposto ficou perto dos 24% de correção e o governo aceitou conceder, mas os sindicatos falaram em índice de inflação e agora a diferença sai dos 10,56% para 14%, o que não foi possível o governo atender."
Aduern afirma que não teme ação judicial
O vice-presidente da Aduern, professor Neto Vale, vê que o Governo do Estado tenta desqualificar o movimento paredista com frases de efeitos, apresentando números e tentando ligar a greve à política partidária. Segundo ele, é lamentável que se tenha chegado ao nível atual e afirmou que, apesar desse quadro, está perto de um entendimento do Estado com os grevistas.
"Falta pouco para um entendimento, para a greve acabar. Estamos dispostos a conversar a qualquer momento e em qualquer lugar com o Governo", afirmou o sindicalista, acrescentando que na última audiência com o secretário Anselmo Carvalho, a Aduern apresentou mais uma contraproposta e esperou uma resposta do governo. "Ele falou que não tinha como prever a inflação de 2012, mas a inflação de 2010 já está mensurada. Faltou pouco para um entendimento", disse.
Na próxima terça-feira a Aduern fará uma nova assembleia e, para Neto Vale, é possível que possa sair novos encaminhamentos para o fim do movimento paredista. Sobre a ação judicial, disse que a Aduern possui assessoria jurídica, que será acionada para resolver a questão. "Isso não nos amedronta. É um equívoco", afirmou.

Fonte Jornal de fato

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