RÁDIO CABUGI – A governadora Rosalba Ciarlini tem responsabilizado o seu governo e o de Iberê Ferreira por todos os desacertos e falência do Estado, como, por exemplo, a situação absurda e de descaso com a saúde, segurança. Qual a sua avaliação deste julgamento da atual chefe do Poder Executivo em relação ao seu governo?
WILMA DE FARIA – Olha, na tentativa de desqualificar o nosso governo. Mas por onde eu ando, acontece exatamente o contrário, o povo está vendo, está comparando, e o povo sabe com sabedoria. Comparando eles entendem exatamente o que está acontecendo. Então houve agora no início do governo da governadora Rosalba um descaso muito grande para com os servidores, houve demissões, quase 2.000 mil pessoas foram demitidas, houve também o descaso em relação aos planos de cargos que foram implantados em todo o período de nossa gestão, e nós sabemos que planos de cargos são direitos, são conquistas do servidor, que ele consegue ano após ano, a medida que ele vai subindo na sua carreira, que ele vai merecendo as suas promoções, e portanto é fundamental que a gente também analise esse lado social. Com relação às demais ações do nosso governo, as pessoas têm julgado aquilo que nós fizemos. Muita gente chega até mim, dizendo: “eu era feliz e não sabia”, exatamente porque vê que hoje o governo começa a dizer coisas que são absurdas. Tipo assim, “nós fizemos as obras”, tudo o que ela está dizendo, fez propaganda rápido, porque se não tivesse condições para oferecer à população um serviço ou uma ação, ou uma obra, ela não estaria fazendo tanta propaganda. Então nós queríamos que as pessoas comparassem, nós fizemos uma obra administrativa, onde fizemos praças, onde fizemos estradas, onde fizemos adutoras, fizemos muitas obras em áreas sociais, fizemos a energia eólica, fizemos casas populares. Aqui no Seridó, por exemplo, aqui em Caicó, fizemos a cidade judiciária, que fez com que a cidade crescesse e trouxesse para cá todas as instituições na área da Justiça, tanto estadual quanto federal.
Aqui nós fizemos anel viário, aqui nós construímos casas, aqui nós trouxemos cheques-reforma, aqui nós trouxemos a escola técnica, trouxemos benefícios em todas as áreas. Na área da saúde também, o Hospital de Oncologia, que será inaugurado agora, foi uma grande parceria do meu governo com a Liga do Câncer, que vai atender não só a Caicó, mas vai atender a toda região. Trouxemos para cá a Unicat, que não existia, trouxemos para cá também a policlínica que não existia, enfim, foram vários benefícios que o nosso governo trouxe e tem muito o que dizer. E tem muito o que comparar também. É necessário que a governadora veja tudo isso. Eu entendo que ela quer que as pessoas esperem, e enquanto as pessoas esperam, ela quer desqualificar o nosso governo. Eu entendo que isso é uma estratégia política, mas isso não é correto. Nós temos que dar a César o que é de César. Ela é a governadora. Eu respeito, não queria nem fazer uma avaliação, mas a imprensa está o tempo todo me chamando para fazer essa avaliação, que eu falo aqui com muito respeito, com muita sinceridade e sem radicalismo.
RC – Se a greve dos professores que prejudicou o ano letivo para cerca de 300 mil estudantes tivesse acontecido em seu governo, a senhora teria dado o mesmo tratamento que foi dado pelo governo Rosalba Ciarlini?
WF – Claro que nós não teríamos dado o mesmo tratamento. Porque eu dialogava. A diferença desse governo é que há um interesse de desprestigiar os servidores, e a gente não pode deixar que isso aconteça. Porque se não os servidores vão perder o que eles já conquistaram. A gente não pode permitir que isso aconteça, principalmente com relação à educação. Então o plano de cargos precisa continuar mesmo que ela tenha que também atender ao piso nacional da educação, à medida que o piso cresce, precisa ser reajustado também. O plano que foi implantado no meu governo, em 2005, precisa dar continuidade, para que os professores não sofram. Professor no Brasil ganha pouco, a gente sabe que ele precisa ganhar mais, eu mesma queria ter dado muito mais. Mas não pode retroagir, não pode ter menos do que eles já tinham, eles têm que continuar conquistando os seus direitos, e os alunos precisam ter aula, por isso que o diálogo era importante para que não houvesse essa greve tão longa, como nunca houve na história do RN.
RC – Após sete meses no governo, a médica Rosalba Ciarlini não deu nenhuma solução, pelo menos paliativa, à situação do Hospital Walfredo Gurgel, que é referência no atendimento de casos de urgência no Estado. A imprensa denuncia todos os dias o estado de penúria, de abandono, onde faltam medicamentos desde os mais simples para o atendimento de urgência. A falta de higiene torna o Walfredo uma podridão. Sete meses de governo, em sua opinião, não é tempo suficiente para que essas mazelas não estivessem ocorrendo?
WF – Eu espero que o governo possa encontrar o caminho e que as coisas se arrumem. Porque tudo está pior. Hoje se você analisar em qualquer lugar que você vá, seja na área da segurança, seja na área da saúde, na área da educação, se você fizer uma pesquisa, se você perguntar com sinceridade às pessoas, se você usar uma técnica científica para fazer essa pesquisa, você vai verificar que todo mundo vai dizer que está pior. A grande maioria, ou a maioria, realmente vai dizer que está pior. Então é necessário que as pessoas vejam que nós trabalhamos, que nós mudamos. Os indicadores econômicos estão aí, a geração de emprego que nós geramos, fomos inclusive destaque campeão a nível nacional, com relação à geração de emprego na área formal, fomos também destaque nos itens de aumento da renda per capita, a melhor renda per capita do Nordeste, que é a do Estado do RN, somos o Estado que tem a menor população abaixo da linha de pobreza.
Veja, por exemplo, comparando a atividade que é muito forte aqui no RN, o turismo. O turismo caiu agora no mês de julho - que é um mês muito forte para o turismo aqui no RN - aqui no Nordeste para 50 %, nós sabíamos que nos meses de julho o nível de ocupação dos hotéis variava entre 75 e 90%, caiu para 50%. É lamentável que isso tenha acontecido porque isso gera desemprego. O turismo tem 52 atividades, que são agregadas à atividade turística e, além disso, a gente sabe que tudo que nós fizemos está sendo motivo de alarde por parte do governo dizendo que está fazendo energia eólica, dizendo que está inaugurando fábrica de cimento, tudo feito em nosso governo. De modo que isso tudo precisa ser colocado para a opinião pública, para que as pessoas possam fazer uma avaliação correta, honesta, não é? Quando se compara, aí veja o quanto trabalhamos e o quanto nós fizemos esse RN crescer. Hoje o RN é muito mais populoso, o RN tem muito mais condições sociais. As pessoas querem vir pra cá, há um interesse em vir para o Estado do RN, e isso significa que a gente tem que continuar, a gente não pode parar. A gente tem que continuar nesse ritmo de crescimento.
RC – A senhora tem visitado vários municípios do Estado prestigiando eventos também na capital. Qual o seu projeto político prioritário, Prefeitura de Natal em 2012, ou o Senado da República em 2014. Qual é o seu grande sonho?
WF – Olha, eu não vou falar em cima de conjecturas agora, porque tenho sido convidada, e as pessoas estão com saudade. As pessoas querem que eu continue a minha luta por cargos importantes a nível estadual, como também quando chegar à capital do Estado. Eu recebo por parte da população de Natal um chamamento para ser candidata a prefeita de Natal, enfim, isso tudo só vai se decidir depois de muita conversa, de muito diálogo, de escutar o povo, como eu tenho escutado pacientemente o que a população diz, de fazer também minha reflexão para ver politicamente como foi a nossa aliança, se nós erramos, o que a gente tem que fazer daqui para frente, enfim, tem muito tempo. A gente tem que ter paciência e a imprensa também tem que ter paciência, porque as coisas só se resolvem, para mim, para o meu Partido Socialista Brasileiro, só se revolvem democraticamente.
RC – Qual a avaliação que a senhora faz do governo Micarla de Sousa?
WF – A avaliação que o povo faz, que as pesquisas dizem a toda hora, é que o governo não está atendendo a população e infelizmente é um desastre a administração da atual prefeita Micarla de Sousa.
RC – Como a senhora examina o governo Rosalba Ciarlini sob o aspecto político e também administrativo?
WF – Não, a avaliação que também foi feita, já a nível estadual e a nível da capital, as duas pesquisas que foram divulgadas são de uma situação muito ruim. Eu me lembro que no meu primeiro ano de governo eu tive pesquisa do Ibope, tive pesquisa da Consult, nós tínhamos uma avaliação de quase 70% de aprovação popular. Então isso significa que há uma mudança, uma mudança para baixo e uma mudança ruim para o Estado, eu desejo com sinceridade que ela acerte. É bom para o RN. Eu não sou desse tipo de político que acha que quanto pior melhor, não. Eu quero o melhor para o povo do RN, e o melhor para o povo do RN é que ela trabalhe e saia do palanque, porque na verdade na hora que ela fica só olhando para o retrovisor e tentando desqualificar o nosso trabalho, o nosso governo, é ruim pelo povo e há uma verdadeira estratégia, não é? No sentido de fazer o povo esquecer que ela ainda não começou a trabalhar de verdade.
Rc – Criou-se, através de formadores de opinião, a frase: governar o RN não é administrar Mossoró. Qual a interpretação que a senhora faz para este conceito?
WF – Olha, eu não quero discutir essa questão, até porque você está dizendo que a imprensa foi quem escolheu essa frase. Naturalmente se a imprensa escolheu deve ter ouvido de alguém isso, não é? Eu não quero fazer esse tipo de colocação, porque eu não quero ser injusta com Mossoró, nem quero ser injusta com o meu Estado. O RN, onde todas as regiões, todas as cidades têm que ter o mesmo tratamento. Tratamento de preocupação com o futuro da população de cada cidade, de cada região, do Estado todo. É isso que eu desejo para o RN, desde o menor município, ao maior, de todas as regiões do Estado onde nós estamos indo, evidente e eu também no meu governo, eu fiz com que todas as regiões pudessem sentir a presença efetiva dos nossos investimentos, do nosso governo, onde a gente investiu em todas essas áreas que eu acabei de citar aqui nessa entrevista.
RC – O seu governo vem sendo tratado como herança maldita pela governadora Rosalba Ciarlini e que nada foi feito porque a senhora deixou uma terra arrasada. A senhora admite que esse tratamento depreciativo faz parte de uma orquestração para evitar a sua indicação para algum cargo em nível regional ou nacional no governo Dilma Rousseff?
WF – Evidente que esse tipo de tratamento é uma estratégia, é uma estratégia para beneficiar o governo que está. Governo que está começando de forma desastrada, que não está conseguindo agradar a ninguém, a nenhuma categoria profissional, não está conseguindo agradar aos servidores. Portanto, não está conseguindo agradar as regiões, os municípios, enfim, a população do RN, mas eu não vou entrar nessa discussão não. A minha forma de fazer oposição é uma forma respeitosa, eu vou sempre estar atenta, vou sempre estar vigilante, vou sempre estar dizendo aquilo que precisa ser dito, para que seja corrigido. Não é só para fazer acusação ao governo não, é para fazer uma oposição correta, e esse trabalho eu vou fazer todo dia, ninguém vai me impedir, e eu tenho a coragem suficiente para fazer assim, e espero que o governo faça um bom trabalho, porque até agora a gente não viu nada. E não tem nada para elogiar.
Para ex-governadora, atual gestão tem sido desastrosa
Fonte Gazeta do Oeste
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