domingo, 19 de junho de 2011

greves

Estudantes acampados na Dired contam com apoio de várias entidades

Na tarde da sexta, Sinte deu mais uma demonstração de apoio aos jovens



O movimento estudantil mossoroense dá sinais de que saiu da inércia. Os três manifestos interditando avenidas e a recente ocupação da sede da 12ª Diretoria Regional de Educação (DIRED) demonstram que os estudantes não vão mais só esperar que as coisas aconteçam – eles querem ajudar a tomar as decisões.

Na tarde da quinta-feira passada, 16, aproximadamente 30 estudantes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), de escolas públicas e particulares ocuparam pacificamente o prédio localizado na Avenida Cunha da Mota, Centro.

"na quinta-feira, 16 nós fizemos um ato no Alto de São Manoel e viemos para cá. Não foi algo decidido de repente. Já tínhamos a estratégia pensada de vir para cá. Entramos pacificamente, conversamos com os funcionários, dissemos que a ocupação não ia atrapalhar o trabalho de ninguém”, explicou o estudante William Borges.

Ele conta que a polícia foi até o local e conversou com os manifestantes, que explicaram os objetivos e garantiram que nada seria quebrado ou furtado. Os estudantes estão se concentrando e dormindo no auditório da instituição.

A diretora da Dired, Magali Delfino, se disse surpresa com a ocupação. “Eu estava em Natal e fui comunicada. Não autorizei que os vigias entregassem as chaves, mas que eles podiam entrar. Hoje [ontem] recebi os estudantes em minha sala e comuniquei à Secretaria de Educação sobre o movimento. Estou aguardando um posicionamento de lá”, explicou, confirmando que a ocupação é pacífica e não está interferindo nas atividades da Dired.

O grupo, denominado de Comando de Mobilização Estudantil de Mossoró (COMEM), quer chamar atenção para os problemas que a educação vem passando.

Eles garantem que só deixam o prédio depois de receberem propostas oficiais e documentadas para as suas reivindicações, o que até agora não aconteceu. Os próprios estudantes da Uern estão em greve desde o dia 30 de maio.


Em carta, os manifestantes citam que “As nossas reivindicações são: descontingenciamento da educação da Uern; suplementação de 4,3 milhões para assistência estudantil; aprovação de uma lei que proíba o contingenciamento orçamentário na educação; implementação de um plano estadual de educação que garanta melhorias nos investimentos”.

“A ocupação do prédio tem o objetivo de pressionar o Governo para abrir um canal de diálogo entre os estudantes e o Estado, já que até o momento isso não vem ocorrendo. Estamos há vários dias em greve e não temos nenhuma resposta”, relata Petrônio Andrade, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Uern.

O estudante, que é um dos líderes do movimento, resolveu fazer greve de fome como forma de protesto. Desde o meio-dia da quinta-feira que ele não se alimenta.

Durante a entrevista coletiva na manhã de ontem, o grupo recebeu o apoio de professores e entidades como Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (ADUERN), Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO) e Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (SINTE-RN).

O vice-presidente da Aduern, Neto Vale, disse que a entidade vai participar junto aos estudantes nos protestos. “Precisamos fazer com que esse movimento se amplie cada vez mais”, ressaltou.

“Vemos como um ato interessante, uma manifestação espontânea, que está crescendo no País. É importante que os estudantes estejam na luta por uma educação de qualidade. Tem todo nosso apoio”, garantiu Romulo Arnaud, coordenador-geral regional do Sinte em Mossoró.

Os professores da rede estadual de ensino deram mais uma demonstração de apoio na caminhada que fizeram ontem. Um ato público foi iniciado na praça em frente ao Mercado Central e foi finalizado em frente à Dired. Eles fizeram uma queima simbólica dos contracheques.

Os estudantes fizeram questão de explicar que não há nenhuma entidade ou partido político por trás das intenções do Comem, que é a luta por uma educação de qualidade.


William Borges destaca o momento como histórico que está acontecendo. “Estamos vendo os exemplos dos estudantes em Natal, dos Bombeiros no Rio de Janeiro, de alunos da Bahia que estão em greve. São um exemplo para a juventude brasileira”, elogia citando que, mesmo após a greve, o grupo continuará fortalecido para defender outras causas.

“Aproveitamos a oportunidade para solicitarmos o apoio dos estudantes e de toda a sociedade ao nosso movimento em defesa da educação”, encerra a carta do grupo.

 fonte Gazeta do Oeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário